terça-feira, 30 de setembro de 2008

ROMANTISMO


Quem tivesse um amor, nesta noite de lua,
para pensar um belo pensamento
e pousá-lo no vento!

Quem tivesse um amor - longe, certo e impossível -
para se ver chorando, e gostar de chorar,
e adormecer de lágrimas e luar!

Quem tivesse um amor,e, entre o mar e as estrelas,
partisse por nuvens, dormente e acordado,
levitando apenas, pelo amor levado...

Quem tivesse um amor, sem dúvida nem mácula,
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
Ah! quem tivesse... ( Mas, quem teve? quem teria?)

Cecília Meireles

de Mar Absoluto e Outros Poemas

Imagem de Photobucket.com

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

" O SOLE MIO "



O grande e talentoso LUCIANO PAVAROTTI

canta " O SOLE MIO "

acompanhado de BRYAN ADAMS.


Ouvi-los é uma delícia.

domingo, 28 de setembro de 2008

GAIVOTA


Gaivota amiga


Cansada de voar, mas sempre faminta de mar, aconchego-me a outras nossas irmãs de voo. Penso nos lugares percorridos dentro e fora dos sonhos,nos momentos de intensidade e cor vividos nas alturas, ouvindo a sinfonia das nuvens ou tendo as estrelas como faróis.
O mar sempre me abraçou, me saciou, me fez feliz... Amo as ondas que se espreguiçam e me vêm molhar os pés e o aroma a maresia, perfume que não troco por mais nenhum. É um amor feliz que permanece em mim e não se vai dissolver nem dissipar.
A ternura desliza em mim e a ânsia não vê hora de levantar voo.
O meu corpo cansado pensa que o entardecer está a ser demasiado rápido...
Tu és ainda muito nova e tens muitos sonhos para cumprir. Voa alto para alcançares os teus sonhos... não os deixes morrer na praia.

Um abraço do meu - eu - gaivota

Encontramo-nos por aí ... algures. Sabes bem que tenho tido saudades tuas!

sábado, 27 de setembro de 2008

E NUM REPENTE...


E num repente...
O alazão negro como noite sem lua
galopa sem freio
num coração mareante
até ao fim do medo.

Galopa na linha do vento
paralelo ao mar
onde o segredo
dos dias longos
parece findar.

E em tardes sem rédeas
com cantos alados
em tropel de desejos,
o alazão negro como noite sem lua
a galopar no coração mareante
imerge das águas
com sabor a beijos
e ondas do mar.

Maripa

Imagem Webshots


terça-feira, 23 de setembro de 2008

NO INVERNO



No inverno dos meus sentires
e quereres por cumprir
percorrem-me cores de outono
e licores de sol posto.

Sem se perturbarem
vagueiam em mim
dão-me asas
esquentam-me
e pintam
no rosto descorado
tatuagens de cor.


No inverno dos meus sentires
a chuva cai embriagada
e escorre
como se lágrimas fosse
pelas rugas
meninas dos meus olhos.

Não sinto dor.
Sou flor
e sinto-me viva.

Maripa

Imagem de Sophie Thouvenin


segunda-feira, 22 de setembro de 2008

OUTONO


Porque hoje começa o Outono e porque gosto muito de Miguel Torga, o poema:


Outono

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há tanta fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.


Miguel Torga ( Diário X)

Imagem da net

domingo, 21 de setembro de 2008

PARA ATRAVESSAR CONTIGO O DESERTO DO MUNDO


Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei


Por ti deixei o meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso


Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo


Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento


Sophia de mello breyner

Imagem de Lauri Blank

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

FLOR





FLOR

MÚSICA E LETRA: MARIA JOÃO, MÁRIO LAGINHA , LENINE

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

NO HORIZONTE



No horizonte que mora para além
do infinito dos meus olhos
vejo estrelas a brilhar.

Estrelas que preciso acesas
- dia e noite -
para saber onde poisar.

Gaivota sou.
Gaivota com medo
do apagar das estrelas
do escuro do futuro.
Medo
que o mar me fuja
e a maré baixa
não volte a subir.
Medo
de ser gaivota sem horizontes
nem praia onde dormir.

Não! Gaivota sou e quero ser!
Enquanto asas tiver hei-de voar
e ser gaivota num corpo de mulher.

Maripa

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

NA SERENA MADRUGADA




Na serena madrugada
fiz-me ao mar no meu batel
fiz-me âncora, fiz-me rede
fiz-me ao norte sem saber
e acabei me perdendo
nos teus braços
sem querer.

Na serena madrugada
plantei risos de borboleta
nas tranças do meu cabelo
fiz-me ao sul entontecida
e acabei entregando
nos teus braços
minha vida.

A serena madrugada
fez-se noite no meu mar
nos teus braços me perdi
me encontrei no teu olhar.

Maripa

Imagem de Lauri Blank

terça-feira, 9 de setembro de 2008

ALFONS MUCHA






Porque aprecio muito A. MUCHA , o meu pequeno tributo à sua arte.

ALFONS MARIA MUCHA ( Ivancice, Morávia, 24 de Julho de 1860 - Praga, 14 de Julho de 1939)

Ilustrador e designer gráfico, pintor e escultor tcheco, um dos principais nomes do movimento Art Nouveau. Seu talento como desenhista revelou-se desde a infância e o seu primeiro trabalho artístico, A Crucificação, foi feito aos oito anos. Apesar de todo o seu talento Mucha não conseguiu matricular-se na Academia de Belas Artes de Praga e foi tentar a sorte na Áustria. Com 19 anos, obteve o seu primeiro emprego como pintor de cenários na Ópera de Viena. Nas horas vagas, para reforçar o seu orçamento, ele pintava retratos. Sua fama de excelente pintor valeu-lhe um emprego com o conde Khuen Belasi que encomendou uma série de murais para o seu palácio. Durante cinco anos Mucha trabalhou para a família Belasi. Graças ao mecenato obtido de seus empregadores ele conseguiu estudar na Academia de Arte de Munique e posteriormente, concluiu os seus estudos em Paris, nas Academias Julien e Colarossi.

Mucha já era um ilustrador de renome quando a sorte bateu à sua porta. Durante os feriados de Natal e Ano Novo de 1894, ele era o único artista de plantão na tipografia Lemercier quando foi procurado por Sarah Bernhardt. A famosa actriz necessitava de um poster para a divulgação de Gismonda, a sua nova peça teatral. Mucha não hesitou em atender o pedido urgente da divina Sarah e criou o poster.

A obra fascinou todos, com o seu formato verticalizado, os subtis tons pastel e o efeito de auréola sobre a cabeça da personagem. Estes passaram a ser os elementos característicos dos posters de Mucha, adorados pelos parisienses. Sarah Bernhardt ofereceu ao pintor um contrato exclusivo com a gráfica Champenois para produzir materiais comerciais e decorativos. Dessa parceria iriam nascer os famosos cartões postais, cardápios para restaurantes e peças promocionais do Champagne Moet & Chandon. O poster Gismonda inaugurou o " estilo Mucha", tranformando o seu autor no expoente máximo da Art Nouveau parisiense.

Apesar do artista ter sido obrigado a deixar o seu país de origem para desenvolver a sua carreira artística, ele sempre se manteve fiel às suas raízes. Depois de viver anos em Viena, Munique, Paris e nos Estados Unidos, Alfons Mucha regressou à Boémia em 1910. Ele foi dar início a um projecto que iria ocupar o resto da sua vida. A criação de uma obra épica, um monumento comemorativo às lutas e vitórias do povo eslavo.

Enquanto criava as vinte pinturas que viriam a compor o conjunto da Épica Eslava, Mucha sempre encontrava tempo para se dedicar a pequenos trabalhos, tais como desenhar os selos e as cédulas da nova moeda que seriam utilizadas pela recém proclamada República da Tchecoslováquia. Foi nesse período que nasceram das mãos do artista as pinturas que serviram de modelo para a confecção dos vitrais da Catedral de São Vito.

domingo, 7 de setembro de 2008


Todas as casas deviam ter uma varanda para o mar
Para que as manhãs acordassem no velame inquieto da claridade
E as sombras fundeassem frescas pelas paredes opacas do meio dia
E os entardeceres rebentassem em sotaventos de crepúsculo num quarto
Todas as casas deviam ter uma varanda para o mar
Ou uma janela...
Ou um parapeito... Um olhar

Sandra Costa

do livro "Sob a luz do mar"

Imagem da net

sexta-feira, 5 de setembro de 2008


" Regressamos sempre aos velhos lugares onde amámos a vida. E só então compreendemos que não voltarão jamais todas as coisas que nos foram queridas. O amor é simples, e o tempo devora as coisas simples."
José Eduardo Agualusa
Imagem da net

terça-feira, 2 de setembro de 2008

ABRAÇA-ME


Abraça-me.
Sente o voar do meu-eu-gaivota
cabeça nas nuvens,
coração de penas em voo rasante.

Abraça-me.
Sente o palpitar do sonho-sonhado
de azul inatingível.

É hora da vazante.
Escuta o fado do mar que nos une,
a doçura das palavras
gravadas no sentir.

Abraça um pouco mais
o meu-eu-gaivota rebelde
a respirar o doce engano
de não querer partir...

Maripa

" Há um tempo para partir, mesmo quando não há um lugar certo para ir." Tennessee Williams