quarta-feira, 17 de março de 2010

COUSAS DO MAR




Corpo de nuvem que, do mar saída,
volvida em chuva para o mar voltou,
quem te arrancou de mim? Quem te deu vida,
corpo que do meu corpo se arrancou?


Já foste, não sei quando despedida.
Quem para mim de novo te arrastou?
E quem te esparge em vozes diluída,
corpo de nuvem neste mar que sou?


Mas a carne que escorre de repente
da bátega dos sons é tão ardente
que de repente o próprio mar flutua,


sobre si mesmo volve e ao céu ascende
- pois só no céu, no céu é que se prende
o vulto de uma nívea nuvem nua!


David Mourão-Ferreira


Imagem: Pedro Ramalho

6 comentários:

  1. Lindíssimo Soneto!
    Passei também deixar-te um beijo carinhoso.

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  2. Olá Maripa

    Soberbo.

    Adoro David Mourão-Ferreira.

    Obrigada pela partilha.

    Bjs.

    Lisa

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  3. Ai Maripa que já não ouvia essa música aqui há tanto tempo! E logo hoje que ando em terra à procura de espaço pra voar e não consigo!


    Tá tããão difícil, minha amiga!


    Deixa-me ficar aqui a ouvir! Faz de conta que amanhã sentamos à beira rio e contamos tudo uma a outra.

    beijos de carinho

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  4. Olá, caríssima!

    Em relação ao blá blá blá, devo reafirmar que nunca me passou pela cabeça, o que viria a seguir.

    O esperanto, também não fui eu que o introduzi. Alguém o fez...
    Aconteceu.

    Mas lá que para rir...
    ai isso deu!

    Beijinho

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  5. muito bonito o soneto

    ... de volta ao mar

    um abraço
    luísa

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"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” disse Antoine de Saint-Exupéry.

Grata pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dar-me um pouco do seu tempo, deixando um pouco de si através da sua mensagem.