segunda-feira, 2 de maio de 2011

AS PAPOILAS SECAM-ME NOS OLHOS




Sem qualquer pudor, deixei a marca,
do meu andar apressado,
em todos os caminhos de esperas decisivas.
Algo envelheceu nos meus pés,
manchados pelo desacerto dos dias.
De tanto percorrer o chão da infância,
as minhas pálpebras encheram-se
da lucidez dos velhos.
Não creio que os dias se revezem,
inevitavelmente, iguais.
As papoilas secam-me nos olhos.
Sinal de sede ou de um verão antigo
inquietando a boca?



Graça Pires

De Uma certa forma de errância, 2003

Imagem da internet


1 comentário:


"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” disse Antoine de Saint-Exupéry.

Grata pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dar-me um pouco do seu tempo, deixando um pouco de si através da sua mensagem.