sexta-feira, 16 de março de 2012

SÃO PALAVRAS CHORADAS



São palavras choradas,
palavras a saber a sal
que caem em silêncio no frio da noite
agarradas umas às outras,
não sei se para se aquecerem
se defenderem ou simplesmente
se fazerem ao mar.

Palavras que dizem muito
da ternura guardada
e me fazem ajoelhar
[penitente com fome de luz]
no tempo antes do romper do sol.

Palavras que chovem no desassossego
que em mim repousa
e faz morada.

Porque tanto desassossego também cansa...
...quando a barca vier
hei-de aprender a escrever nas águas
palavras doces, de esperança.


Maripa

Imagem: Irina Todorova