segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

FELIZ 2013



2013



2013, ano em que não podemos deixar morrer a  esperança e acreditar, sempre, que um mundo melhor é ainda possível.



Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
vive uma louca chamada Esperança
e ela pensa que quando todas as sirenas
todas as buzinas
todos os reco-recos tocarem
atira-se
e
_ ó delicioso voo!
ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
-  Como é teu nome meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
( é preciso dizer-lhes tudo de novo!)
ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
- O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...




Mario Quintana

Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética"


sábado, 22 de dezembro de 2012

TEMPO DE LUZES


Desejo a todos os que passam por este mar de palavras um Natal de luz,amor e vida. Que cada dia traga a todos  o raiar da esperança no amanhã. O amanhã será melhor se cada um de nós der um pouco do melhor que guarda dentro de si.
                                                         
Feliz Natal

Guardo no coração toda a amizade e carinho que recebi, neste meu mar. 
Bem hajam. 

Um abraço da Maripa 




Tempo de luzes

É um tempo coado
de azevinho.
Com odores de doce

e de memória

O colo da mãe 
em desalinho.
A cor da ternura

na demora

É um tempo de luzes
e de linho.
Com sussurros

de cristal e de romã

Lonjura que nos traz
o som de um sino.
Onde o sonho se mistura

com a manhã


Maria Teresa Horta





sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

ternura



Morgan Weistling



ternura

não são teus olhos
ou os traços do teu rosto
que me encantam
mas a luz que os ilumina
quando me olhas 
que atenua as rugas 
em meu rosto
e me devolve a doçura 
que eu tinha
e se perdeu no outro lado
dos espelhos

Márcia Maia




Morgan Weistling

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

escultor de sombras


Imagem: Dennis Thies





escultor de sombras

voo, no silêncio dos ventos,
e não me sinto pássaro,
mas escultor de sombras e de memórias, a respirar serenidades...
varro silêncios, 
como quem acaricia o tempo que nos habita o passado.



Almaro




Imagem: devianArt

sábado, 15 de dezembro de 2012

DESCALÇA NA MADRUGADA




descalça na madrugada

quem escutará
o silêncio dos meus lábios
os meus passos 
perdidos no rumor das águas e das pedras?

o palpitar dos meus olhos enxutos
os suspiros lacrimosos do meu ventre?

quem escutará o meu olhar
descalço na madrugada?

tomo a vereda de um ciclo antigo
a profecia gentílica das tuas mãos em mim

e digo ainda

admirável o tempo
que esculpe o mármore
e não apaga
o trinar dos pássaros
o vermelho dos seus bicos
o azul dos rios
os trilhos íngremes das encostas

nem dos meus olhos
a memória dos lírios e das rosas defronte à vida

quem [me] escutará
quando chegar
se de ti sei dos bosques incendiados
e o feitiço de amar teus mares de sete partidas...


Mel de Carvalho

Imagens: Google




quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

FLUIR





Talvez hoje em ti acabem todas as nascentes,
e nas rugas que, numa e noutra face,
esculpiram o medo e a sabedoria,
se possa ler em comovido olhar
o princípio, o meio e o fim desse caudaloso
fluir que outrora chamámos vida.
Talvez agora, tal como ontem e sempre,
comece a própria morte,
aquilo que nos devora,
aquilo que nos convoca para o silêncio e para
a mão que escreve, sonâmbula e feroz,
estremecendo.




José Agostinho Baptista

Imagens Google






sábado, 8 de dezembro de 2012

E ME DISSESTE: VEM.





E me disseste: vem.

E me disseste: vem. E havia
alguns despojos sobre a areia, algumas
ressentidas grinaldas
no limiar das têmporas. Havia
alguns gestos suspensos, um cofre
de esmeraldas vermelhas, um torpor
nos membros retardados. E havia
um colar para as mãos, uma colina
para os lábios e uma flor
intacta perfumando
o silêncio, à beira
de indizíveis planícies.


Albano Martins

Imagens: Mark Mawson






quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

PRECISO




Preciso de ar morno para me aquecer. De chá de flores de camomila. De um sofá com almofadas macias. De uma mantinha. Preciso de sol na varanda. De ouvir o "adagio for strings" de Samuel Barber. De escutar o marulho do mar. De imaginar as ondas a abraçar a areia. Preciso de ti, sempre. De um abraço teu. De uma rosa branca perfumada. Preciso de não ter medo. De não sentir o olhar aguado. Preciso de alegria. Coração a bater a compasso. Do meu sorriso de volta. Preciso de espreitar as estrelas. De uma lua grávida de luar. Preciso. Preciso de azul, muito azul nas palavras. De pensamentos claros, positivos. Preciso de caminhar. De dar descanso ao sofá. De ler mais. De escrever mais. De voltar a dançar a valsa. Preciso encontrar um trevo de quatro folhas. Preciso de ver brilhar a esperança nos olhos da gente da minha terra. De fé. Preciso. De ti, mais do que nunca.



Maripa 

Imagens: Google






domingo, 2 de dezembro de 2012

APRESSO-ME. O DIA ESTÁ NO FIM



Imagem: Margo Ovcharenko




Apresso-me. O dia
está no fim
mas vou fazer ainda
isto e aquilo. A noite
breve
como a sombra de uma ave
que passa. Apresso-me.
Porquê,
se tudo é nada?...

Casimiro de Brito





Imagem: Jigaretta