quarta-feira, 15 de maio de 2013

MANHÃS NO CHÃO





Aceitar o dia. O que vier.
Atravessar mais ruas do que casas,
mais gente do que ruas. Atravessar
a pele até ao outro lado. Enquanto
faço e desfaço o dia. O teu coração
dorme comigo. Agasalha-me as noites
e as manhãs são frias quando me levanto.
E pergunto sempre onde estás e porque
as ruas deixaram de ser rios. Às vezes
uma gota de água cai no chão
como se fosse uma lágrima. Às vezes
não há chão que baste para a enxugar.


Rosa Alice Branco






Imagens: Rassouli