domingo, 5 de maio de 2013

MAR






A voz do mar entende-a quem do mar
viveu as tempestades e as bonanças,
quem nele pôs cuidados, esperanças,
quem lhe deu  seu riso, o seu penar.
Quem fez o seu jardim, o seu pomar
de búzios, de corais, de areias mansas,
quem ergueu sobre as ondas o seu lar
e por ele cruzou ferros e lanças.
Quem sabe de marés, de luas-cheias
e não teme os tritões nem as sereias
nem, de Neptuno, as barbas e o tridente.
A sua voz entende-a quem, de Sagres,
se fez ao mar em busca de milagres,
- todos nós, neste barco do Ocidente.



Fernanda de Castro

Imagens: Google