sexta-feira, 21 de junho de 2013

A LETRA MAIS PEQUENA






Caminhas pela praia. As sandálias nas dunas
junto à erva agreste de outros dias. O sol
não te queima, não te fere os olhos ao meio-dia.
Soletramos o amor com a letra mais pequena de uma língua
acabada de inventar. Sabem as gaivotas. Sabe o mar.
Era uma vez. Era assim que se agasalhava a noite
e me enrolava nos teus olhos para encontrar
a luz. Não é com a memória que caminho.
As manhãs são de névoa como as camarinhas
que cresciam nas dunas. Com quem posso 
agora falar de camarinhas? Saborear o gosto
das bagas e dos risos. Vamos apanhando conchas,
castelos, príncipes, borboletas. Vamos perdendo
o que encontramos. As mãos vazias.  Os passos leves.
Os olhos crescem como a erva nas sandálias.


Rosa Alice Branco

Imagens : Google