sábado, 19 de julho de 2014

GALGO NUM OLHAR O VERDE QUE SE ESTENDE





galgo num olhar o verde que se estende
lentamente
e veloz recuo no tempo
galgando os tempos da minha infância

sorvo o doce profundo da natureza
imanente
no hálito fresco e húmido da manhã

gotas de orvalho cintilam
como lágrimas
num rosto de inefável beleza

a paisagem palpita
de luz, cores, odores, sons
- em tropel as sensações

fecho os olhos - a volúpia antiga:
tudo retenho
pintado 
numa tela de retina

algo se funde em mim


Teresa Souto

Imagens: Carol Cavalaris