segunda-feira, 22 de setembro de 2014

NASCIMENTO DO POEMA




É preciso que venha de longe
do vento mais antigo
ou da morte
é preciso que venha impreciso
inesperado como a rosa
ou como o riso
o poema inecessário.

É preciso que ferido de amor
entre pombos
ou nas mansas colinas
que o ódio afaga
ele venha
sob o látego da insónia
morto e preservado.

E então desperta
para o rito da forma
lúcida 
tranquila:
senhor do duplo reino
coroado 
de sóis e luas.


Dora Ferreira da Silva

Imagens GOOGLE