sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

LEMBRANÇA






Ponho um ramo de flores
na lembrança perfeita dos teus braços;
cheiro depois as flores
e converso contigo
sobre a nuvem que pesa no teu rosto;
dizes sinceramente 
que é um desgosto.

Depois,
não sei porquê nem porque não,
essa recordação
desfaz-se em fumo;
muito ao de leve foge a tua mão,
e a melodia já mudou de rumo.

Coisa esquisita é esta da lembrança!
Na maior noite, 
na maior solidão,
sem a tua presença verdadeira,
e eu vejo no teu rosto o teu desgosto,
e um ramo de flores, que não existe, cheira!



Miguel Torga

Pinturas de Vladimir Volegov










quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014










" Eu gosto de delicadeza.
  Seja nos gestos, nas palavras, nas ações, 
no jeito de olhar,no dia a dia 
e até no que não é dito com palavras,
  mas fica no ar... "




Manoel Bandeira





quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

12 PIANISTAS E 1 PIANO








12 Pianistas e 1 só piano tocam as CZARDAS de MONTI... 


Maravilha !!!

sábado, 22 de fevereiro de 2014

MARÍNTIMO





Deixa-me ver-te, mar
Que o meu olhar precisa dessa luz
Que o teu azul, em mim, é quem conduz
A sedução
A despertar...

Deixa-me ouvir-te, mar
Eu quero embriagar-me dos teus sons
Tens a cadência dos meus sonhos bons
Só eu te escuto
Podes cantar...

Vem invadir-me, mar
Enche-me as veias de espuma e de sal
Nos meus sentidos deixa um temporal
Que essa carícia
me faz vibrar...

Quem sabe um dia, mar
eu possa transformar-me em areal
Desintegrar-me em conchas e coral
e conhecer-te, enfim
sem naufragar...

Ana Vidal

Imagens  da net









quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

DELICADEZAS DA ALMA



Autor desconhecido




Lindo e delicado, não é?....




sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

SABES,LEITOR, QUE ESTAMOS AMBOS NA MESMA PÁGINA


Imagem:Francine van Hove





Sabes, leitor, que estamos ambos na mesma página
e aproveito o facto de teres chegado agora
para te explicar como vejo o crescer de uma magnólia.
A magnólia cresce na terra que pisas - podes pensar
que te digo alguma coisa não necessária, mas podia ter-te dito,
acredita,
que a magnólia te cresce como um livro entre as mãos. Ou melhor
que a magnólia - e essa é a verdade - cresce sempre
 apesar de nós.
Esta raiz para a palavra que ela lançou no poema
pode bem significar que no ramo que ficar desse lado
a flor que se abrir é já um pouco de ti. E a flor que te estendo,
mesmo que a recuses
nunca a poderei conhecer, nem jamais, por muito que a ame,
a colherei.
A magnólia estende contra a minha escrita a tua sombra
e eu toco na sombra da magnólia como se pegasse na tua mão.


Daniel Faria




Imagem: Annemarie Peter-Jaumann

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

FATALIDADE






Fatalidade

Não sei tecer
senão espumas,
nuvens
e brumas.

... Coisas breves,
leves,
que o vento desfaz.

Como prender-te 
em teia tão frágil?


Luisa Dacosta

Imagens  da net






terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

E, SABES...






E, sabes...

...é como se o inverno
se enroscasse em mim.
Como se o frio e o vento
de mão dada, entrelaçada,
numa ternura de abandono desfeito
                             [ao mesmo tempo]
         fizessem morada no meu peito;

 quando das nuvens nascem lagos
                            [chove-me dentro]
e quando a tua ausência se estende
                  mais o inverno me prende
                         à flor dos teus afagos.



Maripa

Imagens da net




sábado, 1 de fevereiro de 2014

REFLEXOS






Olho-te pelo reflexo
do vidro
e o coração da noite.

E o meu desejo de ti
são lágrimas por dentro,
tão doídas e fundas
que se não fosse:

o tempo de viver
e a gente em social desencontrado;

e se tivesse a força
e a janela ao meu lado
fosse alta e oportuna,

invadia de amor o teu reflexo
e em estilhaços de vidro
mergulhava em ti.

Ana Luísa Amaral

Imagens Google