Para caminhar para além do horizonte
não posso esquecer nem abandonar
nada do que me enterneceu e deu força.
Os amores as marés as flores os sóis os luares
todos os silêncios e falares que peregrinaram comigo.
Se houver degraus começarei, já hoje,
a subi-los um a um até alcançar a nuvem
onde possa repousar da íngreme escalada.
No azul-negro, estrelas lanternas, vão luzir,
e o meu dormitar será um dormir a sono solto
impregnado de aromas a desabrochar na lonjura.
E quando a madrugada se erguer nas asas do sol,
na hora do lado de cá do vento, no instante
em que a medida do tempo me colheu,
o firmamento será um lago e o mar uma pintura.
E quando a manhã nascer
o horizonte será essa manhã
que sonhei para ser eu.
Maripa
Pinturas: Yuliya Glavnaya