sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

POEMA





O poema não se constrói do nada.
O poema não se faz do sonho.
É do absurdo que o poema
nasce,
da dor,
das coisas insólitas,
dos voos fracassados,
das aves de ferro
que não cruzam os céus,
do sol ausente,
dos efémeros encantos
que nos atormentam,
dos portos que apenas
vemos mas aos quais
nunca chegamos.
O poema se constrói
dos dias idos,
das vagas réstias
que assombram
nossas noites,
das águas paradas
dos pântanos,
da magia das horas
que não se cumprem.
E deste fogo
e desta mágoa
muito além da vida.

Carlos Alberto Jales

Pinturas de Stefanov Alexander