sexta-feira, 31 de julho de 2020

QUANDO A TERNURA FOR A ÚNICA REGRA DA MANHÃ

Gustav Klimt


quando a ternura for a única regra da manhã
     

um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços.
a tua pele será talvez demasiado bela.
e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
um dia, quando a chuva secar na memória,
quando o inverno for tão distante,
quando o frio responder devagar com a voz arrastada de um velho, estarei contigo
e cantarão pássaros no parapeito da nossa janela.
sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso será culpa minha,
porque eu acordarei nos teus braços
e não direi nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra,
para não estragar
a perfeição da felicidade.


José Luís Peixoto




terça-feira, 28 de julho de 2020

ÀS VEZES BASTA




ÀS VEZES BASTA

às vezes basta
uma palavra
uma flor ou apenas uma pétala
um sorriso
o voo rasante das gaivotas
não sentir e não me importar
uma colher de arroz-doce, mas com a parte da canela
o cheiro a mar
uma pinta na folha
o frio da pedra e o quente de uma respiração
o fumegar do café
importar-me com o teu sentir
o lápis de cor amarelo, para pintar o sol
aqueles teus fios de música que fazem estremecer
uma impressão, mesmo que vaga, de felicidade
o ondulado da seda negra
a lembrança sempre presente de ti

para a vida prosseguir

Isabel Pires







Imagens: GOOGLE

quinta-feira, 23 de julho de 2020

DAQUI A POUCO NASCERÁ UM NOVO DIA


[ecrã inteiro]



Daqui a pouco nascerá um novo dia

A noite abre-se aos meus olhos
com um olhar parado, quase sem ver.
As janelas antes iluminadas  
deixaram-se dormir silenciosas.

Lá fora a aragem é agora fresca.
A cadência, o sopro dos minutos
acalma e afaga a alma inquieta.

Do desassossego nasce o sossego
e do pensamento caem imagens
doutros tempos.  Anjos fugazes
brincam por entre as memórias...

É lá que regresso cheia de sol
à procura do perfume dos lilases
em flor no jardim do meu ontem;

feliz, ouço os acordes de "Imagine",
absorvo os sons do violoncelo,
ressonâncias perfeitas do mundo
que continuo a imaginar...
                                         E a sonhar.

Daqui a pouco nascerá um novo dia.


Maripa




Imagem do Pinterest

terça-feira, 21 de julho de 2020

VELHA INFÂNCIA


[ecrã inteiro]

Velha Infância
                           

Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu amor

E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança
A gente brinca
Na nossa velha infância

Seus olhos, meu clarão
Me guiam dentro da escuridão
Seus pés me abrem o caminho
Eu sigo e nunca me sinto só

Você é assim
Um sonho pra mim
Quero te encher de beijos
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu amor

E a gente canta
A gente dança
A gente não se cansa
De ser criança
A gente brinca
Na nossa velha infância

Seus olhos, meu clarão
Me guiam dentro da escuridão
Seus pés me abrem o caminho
Eu sigo e nunca me sinto só

Você é assim
Um sonho pra mim
Você é assim
Você é assim
Um sonho pra mim
Você é assim

(Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito)

(Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu amor)

Tribalistas

Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown




domingo, 19 de julho de 2020

PARA QUE HAJA LUZ LÁ FORA


Foto  de Andreas Schrder


PARA QUE HAJA LUZ LÁ FORA

À sacralidade da natureza nada estremece:
O canto do pássaro
O assombro da rosa fúcsia
O coração da natureza -
Pura matéria das estrelas

Nós somos enxertados
Pelo sopro de dois anjos
O anjo do bem - descido das alturas
O anjo do mal - que veio a galope do desconhecido

Qual deles está amalgamado ao teu ser?

Amor se reconhece no ato
O ódio é este infiltrado
Via fatos, pessoas, eventos
O ódio é multifacetado - enganoso

O amor é como um menino
Livre e nu
Correndo de peito aberto

Gosto das pessoas eletrizadas
São as que amam
As que odeiam são contidas
Escondem sob a pele a farpa
As pessoas que odeiam
Voltam-se para dentro de si
Feito criptas

As que amam saem ao luar
Ao vento, ao destino

Invejo pássaros, rosas, rios e vento
Por saber que a sacralidade da natureza
Não é atingida pela onda
Esta que ora chega

Como chega a tantos lugares
De tempos em tempos
Esta que persegue e carimba
Segrega e mata

Quando encontrarem nossos ossos
Eles serão leves
Serão como somos hoje:
Sol, liberdade e Poesia

Ninguém saberá quem odiou
E quem foi odiado
A mesma ossatura humana
Sem distinção
O negro, a mulher livre,
O mendigo ou cada poeta
Nossa ossatura tal e qual
A dos que –hoje – se conclamam deuses
E dizem que são escolhidos
E acham que podem
Com seus dedos de ódio
Brincar de: “uni duni tê o escolhido foi você”
Virarão pó e ossos e igualdade
- Enfim -

Resta dobrar de encontro ao coração
O estrondo do mundo
Para caber no peito
O quão grande é
E foi tudo

A esplendorosa vida
A delicada vida
A orgástica vida

Esta que dançou em minha pele
Nadou no meu sangue
E espera, em paz, meio à natureza,
Que ignora a podridão

Lembrar o último beijo
O verso último que brotou ainda agora
Ter a certeza de que ainda faltam séculos
Para que haja luz lá fora


Bárbara Lia


Gif do Pinterest

quarta-feira, 15 de julho de 2020

ONCE UPON A DREAM - Selkie Hom in the Haunted Woods



[usar ecrã inteiro]

Selkie Hom executa dança acrobática na


"Floresta Assombrada"

ao som de
"Once upon a dream",

[ voz  de Lana del Rey]






Lana del Rey



YouTube e imagem do Pinterest

segunda-feira, 13 de julho de 2020

IF I COULD LISTEN TO ONLY 3 CLASSICS PIECES...


[ver e ouvir em ecrã inteiro]


 Que a música possa ser, sempre, uma boa companhia para esta

"estranha forma de vida"




sábado, 11 de julho de 2020

ABRAÇA-ME




Abraça-me

Abraça-me.
Sente o voar do meu-eu-gaivota
cabeça nas nuvens,
coração de penas em voo rasante.

Abraça-me.
Sente o palpitar do sonho-sonhado
de azul inatingível.

É hora da vazante.
Escuta o fado do mar que nos une,
a doçura das palavras
gravadas no sentir.

Abraça um pouco mais
o meu-eu-gaivota rebelde
a respirar o doce engano
de não querer partir...


Maripa

 [já publicado]



DUO  BROOKLIN e SOMEONE LIKE YOU





quarta-feira, 8 de julho de 2020

COIMBRA É UMA LIÇÃO



[ver em ecrã inteiro]



Em julho celebra-se o centenário do nascimento de Amália.O Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra teve o privilégio de se cruzar várias vezes com a nossa Rainha do Fado. Em meados da década de 90, Amália foi homenageada em Coimbra, na Quinta das Lágrimas, por ter cantado em todo o mundo a “ história dessa Inês tão linda”. E os Antigos Orfeonistas cantaram nessa homenagem. Cantaram, em tempo de pandemia, com todos os cuidados inerentes.






Amália faria 100 anos no dia 23 de julho de 2020




A minha singela homenagem


quinta-feira, 2 de julho de 2020

RAQUEL TAVARES - Meu amor de longe


[ver com ecrã inteiro]

Meu Amor de Longe

No Largo da Graça já nasceu o dia
Ouço um passarinho, vou roubar-lhe a melodia
Meu amor de longe ligou
Abençoada alegria

Junto ao miradouro, pombos e estrangeiros
Vão a cirandar como fazem o dia inteiro
Meu amor de longe já vem
Pôs carta no correio

Barcos e gaivotas do Tejo
Vejam o que eu vejo, é o sol que vai brilhar
Meu amor de longe está
Prestes a chegar

Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo
Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver

Fiz um rol de planos para recebê-lo
Fui pintar as unhas, pôr tranças no cabelo
Meu amor de longe há-de vir
Beijar-me no castelo

Eu a procurá-lo, ele a vir afoito
Carro dos Prazeres, número 28
Meu amor de longe saltou
Iluminou a noite

Vamos celebrar ao Bairro Alto
Madrugada, baile no Cais do Sodré
Meu amor de longe sabe bem
Como é que é

Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo
Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver


Letra e Música de Jorge Cruz