quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

MIL CINZENTOS


ver em ecrã inteiro



Mil cinzentos

 

O medo espalha-se dia a dia

e faz sombras na vida

ausente de luz..

 

Fugir desta pintura imprecisa

confusa e indefinida

tingida de negro e mil cinzentos.

 

Atravessar o tempo, iluminar janelas

ver de novo o esvoaçar da andorinha

os vasos floridos com  bolbos de inverno,

ir no encalce do trilho da brisa marinha

 

Escutar, com o enlevo de antes e

olhos cerrados, a maestria das mõos

de Hauser, dedilhando seu “cello”.

 

Já deslembrada de qualquer vento

e  aceitando que as velas do sonho

refrescam as cores do pensamento,

 

acreditamos  que dizer sim ao medo

é deixar-se ir morrendo por dentro...

 


Maripa

03.12.2020