quarta-feira, 30 de setembro de 2020

FOLHAS ERRANTES

 



Folhas errantes

 

Folhas errantes de outono

com tonalidades de amor

e sinfonias de vento.

 

Folhas errantes de outono,

prelúdios   cantatas    adágios

sonatas em andamento.

 

Folhas errantes de outono

emprestem vosso voar

ao olhar onde se escondem

marés cheias de música  sonhos

    intermezzos 

             interpretados ao luar.


Maripa

[Já publicado num outono longínquo]



  
By  James Michael Stevens
 
Imagem. PInterest
Vídeo:: YouTube


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

NÃO ESQUEÇA


ecrã inteiro

  

Não Esqueça

 

Eu te digo, minha filha

Não esqueça de sempre sorrir

Não esqueça de ligar pra mim

Se poracasoconseguir

Não esqueça queé tudo ilusão

Não esqueça de lavaras mãos

 

Eu te digo, minha filha

Não esqueça de se apaixonar

Não esqueça de ligar pra mim

Dizer a que horas vai voltar

 

Eu te digo, minha filha

Não esqueça do que você quer

Não esqueça de querer aquilo

Que vai te fazer feliz

 

Não esqueça que a vida é pra viver

Lembre sem medo de esquecer

Não espere saber como vai ser

Saiba que nunca vai saber

 

Não esqueça que a vida é pra viver

Lembre sem medo de esquecer

Não espere saber como vai ser

Saiba que nunca vai saber

Não esqueça que é tudo ilusão

Não esqueça de lavar as mãos

  


Fernanda Takai  canta 

composição de Nico Nicolaiewsky (1957 – 2014).






quinta-feira, 24 de setembro de 2020

PERDI-TE ROSA-LUAR

 



Perdi-te rosa-luar 

 

Chamei-te rosa - luar

cântico da noite

desassossego de pétalas

em lento desabrochar.

 

Quis-te rosa sem espinhos

flor orvalhada

enfeite de marés

que foram minhas.

Perdi-te rosa - poente

pétala

a

pétala

caindo

em

chuva

de

silêncios

no mar onde descanso

lágrimas filhas da dor

paridas em choro manso.

 

Perdi-te rosa - luar

no caminho da névoa

na procura de mais mar.   

Maripa

[Já publicado]





Imagem: Pinterest
Vídeo: YouTube

sábado, 19 de setembro de 2020

ENYA

Ver ecrã inteiro



“As árvores são santuários.
Quem sabe falar com eles, quem sabe ouvi-los, pode aprender a verdade. Eles não pregam conhecimentos e preceitos, eles pregam, sem se deixar abater pelos detalhes, a antiga lei da vida.

Uma árvore diz: Um grão está escondido em mim, uma faísca, um pensamento, eu sou a vida da vida eterna. A tentativa e o risco que a eterna mãe levou comigo é único, único a forma e as veias da minha pele, único o menor jogo de folhas nos meus ramos e a menor cicatriz na minha casca. Fui feito para formar e revelar o eterno em meus menores detalhes especiais.”


Hermann Hesse







Imagem: Pinterest


sexta-feira, 18 de setembro de 2020

HAEVN - WE ARE (Symphonic Tales)

[ver com ecrã inteiro]


HAEVN


Em 2019, a banda anunciou o lançamento do álbum ao vivo Symphonic Tales no seu site. O álbum consiste em seis músicas gravadas com uma orquestra de 50 peças. Quatro das faixas foram retiradas do álbum de estréia Eyes Closed [duas são composições originais]. Foi lançado no final de abril de 2019.

                                                               




                                               

 

domingo, 13 de setembro de 2020

O QUE ME IMPEDE DE VOAR?


Louise Powell



O que me impede de voar?

 

O que me impede de voar?

Nem sei dizer o quanto...

 

Não tenho o meu mar por perto

e o areal da minha infância

é agora um distante deserto.

 

As asas com que ousava voejar

perderam o vigor, o colorido,

a ânsia de buscar a noite apetecida,

a noite azul, perfumada e macia

com estrelas de ouro a cintilar...

 

 O que me impede de voar?

 

A realidade do agora, sim a realidade

que não me deixa collher feixes de lilases,

ter imagens amenas, escutar os  pássaros

pousados nas árvores [en]cantos fugazes.

 

Sabes,

- estou só de passagem.... é tempo de voltar a casa -

de idealizar o mistério, de idear o som do silêncio...

 

Haverá música, sons que acordem emoções,

borboletas esvoaçantes, almas luminosas,

flores de todas as cores,

                      na casa onde vou morar? 

 

Se houver

o que irá impedir-me de voar?

 

 Maripa [2020]





Stephanie Jones

sexta-feira, 11 de setembro de 2020



 


 

Nas estantes os livros ficam

(até se dispersarem ou desfazerem)

enquanto tudo

passa. O pó acumula-se

e depois de limpo

torna a acumular-se

no cimo das lombadas.

Quando a cidade está suja

(obras, carros, poeiras)

o pó é mais negro e por vezes

espesso. Os livros ficam,

valem mais que tudo,

mas apesar do amor

(amor das coisas mudas

que sussurram)

e do cuidado doméstico

fica sempre, em baixo,

do lado oposto à lombada,

uma pequena marca negra

do pó nas páginas.

A marca faz parte dos livros.

Estão marcados. Nós também.

 

                                           

 

 Pedro Mexia, in "Duplo Império"


quarta-feira, 9 de setembro de 2020

PALAVRAS PERDIDAS DE MIM


Christine Ellger



Palavras perdidas de mim


De todos os inconfessos prodígios, um.
    De todos os secretos e estranhos vislumbres, um.
        De todos os silenciosos e loucos devaneios, um.


De todos os sorrisos, o nem sequer imaginado.
    De todas as palavras, as ainda não ditas, as que talvez nunca venham a ser ditas.
        De todos as preces, a ainda não escutada, a que talvez nunca venha a ser escutada.


De todos os anseios, um. O mais louco.
    De todas as loucuras, uma. A mais improvável.
        De todas as improbabilidades, uma. A mais ansiosa.


De todas as verdades, a ainda não desvendada.
    De todos os caminhos, o que não poderá ser percorrido.
        De todas as companhias, a mais intangível, a mais inconcebível.


De todas as viagens ao fim da noite, uma, a mais atormentada.
    De todos os inocentes esconderijos, um, o mais longínquo, o mais frágil.
        De todas as cicatrizes, a mais secreta, a mais invisível, a mais oculta e negada.


Pedra a pedra,
  palavra a palavra,
    loucura a loucura,
      silêncio a silêncio,
        espanto a espanto,
           mágoa a mágoa,
             contrariando o caminho, apagando indícios, negando os passos, desenhando refúgios,


atravesso a noite tentando desligar-me do sentido da escrita, do sentido de tudo, de tudo.


Que as palavras percam os seus significados, que as frases ignorem os seus propósitos. A escrita pela escrita, a escrita no vazio, palavras caídas ao acaso na mente em branco, palavras que não me pertencem, palavras perdidas de mim, palavras que talvez vão pousar no coração de alguém. Talvez. Talvez.

UMJ  [ blog  Um jeito manso]





segunda-feira, 7 de setembro de 2020

BOHEMIAN RHAPSODY


[ecrã inteiro]


Ontem, 6 de setembro, Freddy Mercury faria 74 anos.







Saudades
Imagem: Google

[Scabiosa atropurpurea é uma espécie do género botânico Scabiosa, conhecida popularmente como Saudades.]

sábado, 5 de setembro de 2020

O MEU OLHAR DE TANTO MAR




O meu olhar de tanto mar
fixou-se numa nuvem de vento.

Dispo-me de gaivotas
quando é o teu olhar com asas
que me solta e agarra,
pois dois sentidos moram
para além de nós,
nos habitam e esperam
sentados aos tropeções
dentro dos nossos corpos.

São aves de muitas ondas,
as que nos beijam.
A hora chegou com o seu gume.

Amor,
volto a partir com os ventos....

Lília Tavares




Imagens: Pinterest

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

MAS UM DIA A UMA HORA DE UM CREPÙSCULO QUALQUER





Mas um dia
a uma hora de um crepúsculo qualquer,
quando mais sós nos encontrámos,
raiou de súbito nas praias
um fulgor de fogo.

E debruçados sobre os mares
dissemos
que foram feitos
                                  não para o abandono
mas para neles florir
a grande e turva flor
desse fogo ainda por abrir.




Carlos de Oliveira





Imagens:Pinterest