Quando me arrisco a escrever
pequenas ideias são sementes.
A imaginação avisa e dispara
e sem permissão ou consentimento
o pensamento em breve se baralha.
Invento para hoje um veleiro
velas inchadas ao vento
ondas temperadas de sal
onde eu,
marinheira de águas paradas
vou aportar a ilhas prateadas.
Logo logo, a mente tagarela
salta para os dias espaçosos.
As manhãs têm pássaros verdes
as tardes são de mel de morangos
e do néctar dos deuses gulosos.
Apetece mesmo assentar aqui,
mas não... a mente nunca se cala.
As ideias não são nada tolerantes
a etapas a paragens a demoras.
A noite desabrocha sem estrelas.
A sombra alada dos pensamentos
que não têm por hábito dormir
idealiza enigmas para a noite fria.
E quando as perguntas sem resposta
se lembram de me arruinar as horas
a folha em branco permanece vazia...
Maripa