onde se acolhem os veleiros
condenados,
está sempre imerso na luz baça,
que esconde dos olhos de quem passa,
a memória dos poetas desterrados.
O porto do esquecimento,
onde o oceano conversa com as gentes,
tem fantasmas de baleeiros,
tabernas de marinheiros,
histórias de sereias e serpentes.
O porto do esquecimento,
de faróis há muito apagados, pelo
vento,
tem lanternas que chiam nas correntes,
e acordeões chorando em tons
dormentes,
deixam morrer no ar o seu lamento.
O porto do esquecimento,
existe entre a vida e a morte, entre a
noite e o dia,
parado, sem marés nem luas.
Os sonhos andam pelas ruas,
perdidos na névoa da fantasia.
O porto do esquecimento,
fica para lá do fim do mundo e aqui ao
lado.
Passada a fronteira das mágoas,
serás chamado pelas águas,
e o segredo do porto, desvendado.
Manuel Filipe