Gustav Klimt
quando a ternura for a única
regra da manhã
um dia, quando a ternura for
a única regra da manhã,
acordarei entre os teus
braços.
a tua pele será talvez demasiado
bela.
e a luz compreenderá a
impossível compreensão do amor.
um dia, quando a chuva secar
na memória,
quando o inverno for tão
distante,
quando o frio responder
devagar com a voz arrastada de um velho, estarei contigo
e cantarão pássaros no
parapeito da nossa janela.
sim, cantarão pássaros,
haverá flores, mas nada disso será culpa minha,
porque eu acordarei nos teus
braços
e não direi nem uma palavra,
nem o princípio de uma palavra,
para não estragar
a perfeição da felicidade.
José Luís Peixoto