Semeai os sentimentos por ruas e praças, por bancos de jardins a horas impróprias. Sede capazes de gritar os segredos da vossa paixão. Sede capazes de enfrentar os gestos bem comportados da moral e em cada beijo louco derramar a vossa indiferença por quem vos excomunga.
É preciso ousar. É urgente evitar o contágio do olho avulso que se espreguiça para chegar à intimidade dos outros. Devia ser proibido plantar relva que não servisse para cultivar a paixão, rebolar os corpos ou enfeitiçar as estrelas. É mais belo um beijo ardente no "Jardim Botânico" que um rubi da Rainha da Inglaterra.
Saltai o muro do "Portugal dos Pequenitos" e recuperai a memória da vossa infância, da vossa ingenuidade, dos bibes e balões, dos passeios ao fim da tarde com o espanto todo deste mundo onde há um lamento universal, um choro envergonhado que tem as marcas do desencanto.
Roubai flores em nome dos pecados do coração, onde a vida se condensa; ofereçam-nas. Escrevam também nas paredes onde habitam as vossas estrelas e denunciem que ali começa e acaba o sentido das vossas vidas, talvez, da vossa existência. Os sentimentos não conhecem a vergonha, não há algemas para os impulsos do coração.
Todos somos poetas quando a inquietação é um labirinto a quem nos entregamos para salvar o outro lado que a vida nos consumiu.
Não escondam a energia dos vossos desejos. Soltem-se! Molhem os pés no Mondego fora de horas e depois brinquem às escondidas, representem a própria paixão nesta alegoria, onde os elementos do princípio do mundo se adoçam.
Regressem ao imaginário da vossa adolescência e escrevam em papelinhos mensagens de esperança, recados de amor para um príncipe encantado e metam tudo isso numa garrafa que saiba o caminho para a felicidade. As correntes fortes do encantamento ajudam a descobrir as esquinas do labirinto!
À paixão o que é da paixão.
António Vilhena
excertos de "A eterna paixão de nunca estar contente"
"As correntes fortes do encantamento ajudam a descobrir as esquinas do labirinto!" - então, nos novelos da vida descubrem-se as pontas que tecem a nossa existência.
ResponderEliminarExcelente escolha. Belissimo texto.
ResponderEliminarParabens minha amiga
Beijinhos ternurentos
para quê falar-te ao ouvido amo-te
ResponderEliminarvou gritá-lo ao mundo para que todos oiçam
abraçar-te na praça para que todos saibam
mas sei que será uma forma de perder-te
um beijo
Li cada palavra cheia de emoção e me revi numa tarde de sol de Primavera a passear com o meu rapaz e a namorada pelo Jardim Botânico em Coimbra. Ele era guia do Jardim e fez-me uma surpresa. Levou-me até uma árvore que dizia Eugenia Myrtacea, que é a Pitangueira. Há muitas formas de gritar o amor e muitas maneiras de senti-lo.
ResponderEliminarObrigada por um texto tão lindo.
beijos do lado de cá.
Oi minha querida e estimada amiga.
ResponderEliminarQue lindo texto.
Grite seu amor aos ventos e deixe cair as vozes num campo minado de flores.
Beijos e um bom fim de semanan com muitas estrelinhas em seus caminhos.
Obrigado por sua visita ao meu blog.
Regina coeli.
" Anda o Mundo triste, falta-lhe o brilho das horas completas. Andam caladas as vozes do coração..."
ResponderEliminarSim, é urgente ousar e sair deste sentimento, desta anestesia, desta zanga com a vida...
Abraço de peito aberto
BIA