Quantas vezes choveu no teu regaço
a minha infância, terra que eu pisei:
aqueles versos de água onde os direi,
cansado como vou do teu cansaço?
Virá abril de novo, até à tua
memória se fartar das mesmas flores
numa última órbita que fores
carregada de cinza como a lua.
Porque bebes as dores que me são dadas,
desfeito é já no vosso próprio frio
meu coração, visões abandonadas.
Deixem chover as lágrimas que eu crio:
menos que a chuva e a lama nas estradas
és tu, poesia, meu amado rio.
Carlos de Oliveira
Imagens: GOOGLE
amei!
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