Foto de Declan McCullagh
Era uma noite apressada
depois de um dia tão lento.
Era uma rosa encarnada
aberta nesse momento.
Era uma boca fechada
sob a mordaça de um lenço.
Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!
Imensa a casa perdida
no meio do vendaval;
imensa, a linha da vida
no seu desenho mortal;
imensa, na despedida,
a certeza do final.
Era uma haste inclinada
sob o capricho do vento.
Era minh'alma, dobrada,
dentro do teu pensamento.
Era uma igreja assaltada,
mas que cheirava a incenso.
Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!
Imensa, a luz proibida
no centro da catedral;
imensa, a voz diluída
além do bem e do mal;
imensa, por toda a vida,
uma descrença total!
David Mourão-Ferreira in " À guitarra e à viola"
um belíssimo poema de David Mourão Ferreira
ResponderEliminaruma excelente escolha
Votos de um bom domingo
Beijo
A musicalidade dos poemas do David.
ResponderEliminarUm beijo.
Que momento sublime este que nos ofereceu querida amiga.
ResponderEliminarA musica escolhida é perfeita também.
Um beijinho com amizade e boa semana
Fê
Obrigada por apresentar-me ao autor, belo poema!
ResponderEliminarBoa semana, Maripa!
Queridas Pi,Graça,Fê e Cris
ResponderEliminarFico sempre tão agradecida com a vossa presença! E quando gostam do poema e do autor que escolho para partilhar fico feliz.
Admiro muito David Mourão-Ferreira ,um poeta [e não só] contemporâneo que valorizou a literatura portuguesa.
Na sua obra, são famosos poemas que compôs para serem cantados por Amália.Este não é um desses,mas eu acho-o lindo!
Beijinhos amigos.
Desculpem não ter dado uma resposta individual como mereciam, mas estou meio preguiçosa...