O
nó da tristeza
de
ter esperado tanto
eu
risquei, eu rasguei, eu matei luas
nos
abismos perversos
dos
espelhos
e
dancei na poalha
dos
cinzéis
até
as mãos chorarem sujas
por
entre as fendas
dos
muros
rasguei-me
na
terra e nas árvores
para
que da dor que sobrasse
se
multiplicassem estátuas de chumbo
de
lábios abertos e olhos
gigantes
por
onde a escuridão morresse
e
deixasse ao uivo dos lobos
a
tarefa difícil de murmurar a luz
no
coração da terra fria
por
entre a água e a pedra
no
peito dos pinheiros
por
onde rebentavam as manhãs
amenas
suaves,
como eram
as
tuas mãos no meu rosto
ou
a tua voz de abrigo
quando
tropeçava naquela linha
onde
se esconde o nó
da
tristeza
Gil T. Sousa