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LUA CHEIA
nas palavras lavo os panos tristes
que ao fim de uma estação
retêm agora
a sensação dos dias, o lume
dos passos.
sinto que é um outro tempo,
um outro jeito de dobrar
esquinas,
um outro modo de pisar a
terra
– é tudo isto comprimido num
pulso,
cingido dentro de veias como
pequenas vozes
mudadas em canção ao acordar
do ano.
vem, vem comigo, neste
magnífico nascimento,
ouvir bater a espuma no
cinzento das rochas,
e deixar passar as horas
como quem flutua
à tona do tempo,
inteiramente mergulhado no mundo
– vem dormir sob o luminoso
manto da lua cheia.
hei-de dizer-te um dia
como se escolheu a cor do
mar.
Vasco Gato
Mari Samuelson - Moonlight Sonata [Beethoven]