quinta-feira, 18 de abril de 2013

NÃO MAIS





Não mais a madrugada por nós fora,
não mais em nós o vento enternecido,
não mais o peito a arder-se na memória,
não mais a harpa incauta do existido.

Nas veias do silêncio que perdemos
a cada verso novo em nós sentido,
nas asas que outras são e que não temos
em cada espaço por nós consentido.
Não mais uma palavra insensata,
não mais a insana, a louca e vã bravata
não mais demoras fixas no desejo,
não mais perdão nem sombra por desfecho.

Na solidão sozinha das palavras
tão castas, tatuadas, estão na pele,
tão breves, tão despidas, tu as lavras,
na hipnose branca e virgem do papel.



Alexandra Malheiro

Imagens: Google