Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
talvez ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora existe o mundo. Fora a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
- Embaixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
Herberto Helder
Imagem de Josette Mercier
Um poema com vida!
ResponderEliminarUm beijo carinhoso e um bela semana para o seu coração.
Olá Maripa
ResponderEliminarO poema está em nós!
Não conhecia este belo poema. Obrigada pela partilha.
Bjs.
Lisa
Um grande poema!
ResponderEliminarBeijinhos, gostei muito.
Clo
Herberto Helder um nome sonante na poesia surreal portuguesa.
ResponderEliminareu não conhecia este poema.
uma boa escolha!
um beij
. querida Maripa, .
ResponderEliminar. sobre a "entrada" do Seu blogue, curvo.me - está magnífico .
. bel.íssimo . parabéns .
. sobre as palavras HHelder,,, ser assertivo no mais amplo conflito entre a alma e a carne .
. "amei.de.amar" .
. deixo um beijo abraçado e o desejo profundo de muita saúde para Si,,,
. sempre,
. paulo .
mas também se faz de tempo e carne
ResponderEliminarbeijos doces em poesia
mas também se faz de tempo e carne
ResponderEliminarbeijos doces em poesia
*
ResponderEliminarum poema
é a lucidez das palavras,
,
brisas serenas, deixo,
,
*
Um poema por vezes é espelho...
ResponderEliminarBeijinho*