Talvez
na ortografia do rosto pálido
as rugas ensinem os acertos
e desacertos do novelo da vida
talvez
a ortografia do olhar diga tudo
- ou quase tudo -
enquanto
a ortografia do sorriso em meia-lua triste
seja somente um erro [d]escrito na face.
O fio do tempo desliza
enlaça desenha deixa marca,
nas linhas ainda em branco,
palavras visíveis de amor.
E sempre que em mim mora o frio do vento norte
eu faça por não esquecer o tépido enlace
das nossas mãos e aqueça só de lembrar.
Talvez
por as glicínias estarem em flor
qualquer entardecer
seja de ternura e brisa
e algures
entre a memória e o espanto
haja gaivotas a poisar no azul do mar.