A menina da lua vestida de borboletas
olha o firmamento, deslumbrada,
pensamento a borbulhar de palavras.
Debaixo dos pés escorre-lhe um regato.
Anicha-se e começa a escrevinhar na água
[as palavras escritas na água
sabem o seu destino...]
Palavras de veludo, amor, seda pura,
ternura bordada de coragem, medo,
[entre]tela com risos pintados à mão,
acentos lado a lado com vírgulas,
muitos pontos de interrogação.
De corpo invisível e efémero
em desassossego e apreensivas
nadam desagregadas em afluentes
agitados, esparsas a caminho do mar
ao encontro de lágrimas incontidas.
A menina da lua reage ao calor do afago
à vertigem
à urgência do espanto da borboleta
mãe do [uni]verso em transformação.
Maripa
Imagem de Karin Taylor