domingo, 1 de dezembro de 2013

SE AS MINHAS MÃOS PUDESSEM DESFOLHAR A LUA


Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens 
das frondes ocultas. 
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.





Eu pronuncio teu nome
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então alguma vez?
Que culpa tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranquila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!

Frederico Garcia Lorca

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