domingo, 23 de maio de 2021

COMO SE À NOITE O MAR...

 




como se à noite o mar…


 numa estranha rota iluminada

deixasse livre o sonho esvoaçar:

os rostos que se foram, em parada,

em silêncio nos vêm visitar.

 

 sob chuva distante e torturada

que na nossa tristeza deixa os sais,

rostos amados na sua desfilada,

vão-nos dizendo devagar: jamais!

 

 como se à noite o mar…

 

 me forçasse a perguntar, oh mágoa,

nesta fria margem de ilusão

porque correm os dias como água,

se não passam nem nunca passarão?

 

 silente carícia de uma ignota mão

que marcas nas faces o signo da lua

abre-me a alma, fecha-me a razão

dá-me aquela Presença que é só Tua.

 

                                                                        Adalberto Alves



                                         
imagens: Pinterest


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