sexta-feira, 29 de outubro de 2021

VELHO BAÚ

 



VELHO BAÚ

 

No sótão do pensamento

guardo um velho baú

enfeitado com tachinhas de latão.

Quantas vezes o procuro

para me poder encontrar

e acalmar o coração!

 

Dentro dele numa completa desordem

misturam-se pedaços duma vida:

Réstias de sol, tranças de luar,

balões coloridos, fitas acetinadas,

palavras ditas, outras por dizer,

conchas e búzios apanhados

em tardes à beira-mar...

 

Numa completa desordem

misturam-se pedaços duma vida,

flores secas, choros mansos,

lápis de cor, botões de madrepérola,

silêncios, vozes a sussurrar,

chilreios de pardais que pousavam na varanda,

passos e gargalhadas infantis,

caixinhas de porcelana

com poeiras bordadas a matiz...

 

No sótão do pensamento

no interior do velho baú

sons e aromas doces dão a mão.

 

As tachinhas amarelas

mais brilhantes e luzentes

parece que cantam alto

tornando mais cheio e forte

o bater do coração.

 

Quantas vezes o procuro...

Maripa




2 comentários:

  1. Estive a ver o seu baú através das suas palavras. Não é desordem o que encontra. É um entrelaçar de memórias que o seu coração guardou.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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    1. É sim, minha amiga Graça. São memórias entrelaçadas que guardo comigo. Parecem desordenadas pelo modo como me vêm caindo no colo, todas bem certinhas e lembradas como se fosse hoje. Saudades de outros tempos vividos com muito amor.

      Saúde e tudo de bom.
      Abraço amigo.


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"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” disse Antoine de Saint-Exupéry.

Grata pela sua visita e pelo carinho que demonstrou, ao dar-me um pouco do seu tempo, deixando um pouco de si através da sua mensagem.