segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

HÁ SEMPRE UM EQUÍVOCO EM CADA DESPEDIDA



Há sempre um equívoco em cada despedida.


A ondulação do mar que sempre procuro na
imobilidade dos lugares, dissipada a bruma
melancólica que em mim apaga as tuas feições.

Uma estação em estado de esteio ou de janela.

A exaltação da espera no desprendimento
da última folha da magnólia, esse percurso
ininterrupto que foi a tua mão na minha.

Uma planície onde se precipita a morte.

A conjugação da luz num coração futuro,
pedaço de metal pedaço de poesia onde
escondo o ofício sincopado de permanecer tua.

«O amanhã não existe no mesmo lugar»:
há sempre um começo antigo em cada despedida.

                                                                                               
Sandra Costa



Imagens: Pinterest