sexta-feira, 6 de novembro de 2020

O PICA DO 7

 

ecrã inteiro

O Pica do 7

De manhã cedinho

Eu salto do ninho e vou p’rá paragem

De bandolete, à espera do sete

Mas não pela viagem

 

Eu bem que não queria

Mas um certo dia, vi-o passar

E o meu peito céptico

Por um pica de eléctrico voltou a sonhar

 

A cada repique

Que soa do clique da aquele alicate

De um modo frenético

O peito é céptico toca a rebate

 

Se o trem descarrila

O povo refila e eu fico no sino

Pois um mero trajecto

No meu caso concreto, é já o destino

 

Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração

Quando o sete me apanha

Até acho que a senha me salta da mão

Pois na carreira desta vida vã

Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá

 

Que triste fadário

E que itinerário tão infeliz

Traçar meu horário

Com o de um funcionário de um trem da carris

 

Se eu lhe perguntasse

Se tem livre passe para o peito de alguém

Vá-se lá saber

Talvez eu lhe oblitere o peito também

 

Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração

Quando o sete me apanha

Até acho que a senha me salta da mão

Pois na carreira desta vida vã

Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá

Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá


Letra e música de Miguel Araújo





Carro  elétrico de Lisboa